quarta-feira, 18 de agosto de 2010

bombardeio a La Moneda





"Por mais que as pessoas se esforcem para que os atos sejam perfeitos, sempre há uma falha. É como se um anjo da guarda se encarregasse lá em cima: "Ok, você está preparando o complô perfeito? Vou fazê-lo falhar por algum lado". Nesse caso é que alguém decide, alguém interfere nessa comunicação secreta por rádio e grava. É muito impressionante ouvir a voz de Pinochet comunicando-se com outros generais e almirantes. É onde se escuta o general Pinochet mandar pôr o presidente Allende com a família em um avião, e que o avião depois caia. É preciso jogar o avião. Não importa sacrificar o piloto e a tripulação. Não importa nada. Se é preciso matar o presidente e sua família em algo que pareça um acidente, faz-se isso. Essa é uma gravação que, desde que a pus no livro, é usada no mundo inteiro para recordar o dia do golpe militar. Na verdade não há direitos autorais sobre essa gravação. É uma gravação que pertence à humanidade como prova da barbárie, como prova da traição. Porque é preciso recordar que o general Pinochet chega ao poder nomeado pelo presidente Allende. Dez dias, quatorze dias antes do golpe, o presidente Allende deve nomear um novo comandante. Todas as informações de inteligência de seu governo indicam que o general Pinochet é um general confiável, legalista, constitucionalista. E o presidente Allende o nomeia. Entrega-lhe a arma mais poderosa em suas mãos. Para quê? Para que defenda a democracia das tentativas golpistas dos EUA e do fascismo local. Portanto quando Pinochet adere ao golpe de estado, só 36 horas antes, comete um gigantesco ato de traição em relação a quem havia confiado nele."
(Patrícia Verdugo no Roda Viva)

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