sábado, 21 de maio de 2011

Segredo



Chow Mo-wan: In the old days, if someone had a secret they didn't want to share... you know what they did?
Ah Ping: Have no idea.
Chow Mo-wan: They went up a mountain, found a tree, carved a hole in it, and whispered the secret into the hole. Then they covered it with mud. And leave the secret there forever.
Ah Ping: What a pain! I'd just go to get laid.
Chow Mo-wan: Not everyone's like you.

Transeconomia Real


Marcelo Cidade, 2007

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Labirinto místico

Delicadeza
MARIA RITA KEHL - O Estado de S.Paulo

Se eu fosse Deus e se eu existisse, executaria em São Paulo uma prosaica providência administrativa. Tombaria a cidade inteira pelos próximos dez anos: como está, fica. Não se derruba mais nada, não se constrói mais nada. Tratem de melhorar a cidade que já existe: monstruosa, desigual, mal planejada e mal cuidada. Se é para movimentar dinheiro, invistam-se nos espaços públicos: ruas, praças, jardins, calçadas, iluminação, centros de lazer, prevenção contra enchentes - tudo o que faz, de um amontoado de moradias, algo parecido com a magnífica invenção humana chamada cidade. Investir em urbanidade também dá retorno financeiro.

Vista assim do alto, do ponto de vista celeste, São Paulo mais parece uma cidade bombardeada. Imensas crateras em todos os bairros, quarteirões de casas derrubadas, populações pobres jogadas de lá pra cá à procura de lugar para criar novos campos de refugiados de onde serão expulsas pouco tempo depois. Inundações, trânsito bloqueado, gente desesperada presa dentro dos carros parados, gente enlouquecendo pela dificuldade de tocar o dia a dia. Gente que sente no corpo e na alma os efeitos de viver sob uma cúpula negra de poluição que só se vê de cima. Parece uma guerra, mas é só o capitalismo: bombando, enriquecendo alguns e empobrecendo o resto. Enquanto a cidade se torna infernal, se oferece aos que podem pagar o lenitivo de viver numa torre, bem acima do chão, de onde se finge escapar da realidade urbana. O uso novo-rico da palavra torre substituiu as obsoletas "edifício" e "prédio", além da simpática e infantil "arranha-céu". Nas histórias de fadas, a torre era o lugar onde se encarceravam as princesas. Privilégio em São Paulo é viver encerrado numa torre

Mas como parar todos os negócios imobiliários da cidade? E a economia? E a geração de empregos? Digamos que, se eu fosse Deus, daria um jeito nisso. Se uma prefeitura rica como a nossa, em vez de se tornar cliente de um setor poderoso, investisse os impostos que recebe em outras atividades, em pouco tempo a cidade recuperaria sua pujança. Digamos que seja possível planejar um pouco a economia municipal. Só assim deixaríamos de ser reféns de quem já detém poder econômico. Dez anos são menos que uma fração de segundo pra quem vê o tempo do ponto de vista da eternidade. Mas quem sabe, tempo suficiente para que a cidade pudesse eleger uma nova prefeitura e uma câmara dos vereadores livres de compromissos com o poderoso Secovi, maior sindicato de comércio imobiliário da América Latina.

Mas - em nome de que Deus faria uma coisa dessas? Em nome de que impediria a cidade de, digamos - "crescer"? Não, Deus não precisaria ser socialista. Nem urbanista. Bastaria agir em nome de um valor que está presente em todas as perspectivas sagradas, religiosas ou simplesmente humanistas: em nome da delicadeza. Bastaria considerar que as cidades não existem para impressionar e oprimir as pessoas, mas para ampliar a esfera da liberdade, das possibilidades e daquilo que se costuma chamar de urbanidade.

Nesse ponto convido o leitor a trocar a vista aérea de São Paulo pelo ponto de vista pedestre. Basta descer um pouco do carro e passear a esmo pelas ruas. Se achar a proposta muito mixuruca, finja que é Baudelaire flanando por Paris no século 19, tentando captar o que sobrou da antiga cidade depois da monumental reforma executada por Haussmann a mando de Napoleão III. Ou finja que você é o João do Rio, cronista da capital brasileira reformada por Pereira Passos. A diferença, claro, é que essas duas enormes destruições/reconstruções urbanas foram planejadas visando a modernizar o espaço público, enquanto hoje a construção civil compra o poder público e faz literalmente o que quer em nome do interesse das pessoas, isto é, do mercado. Parece que o mercado é igual à soma das vontades das pessoas. Não é. O que chamamos mercado é um dispositivo formado por poucos, porém grandes interesses, que se impõe às pessoas de modo a determinar o que elas devem querer.

O que será de uma cidade que destrói todas as suas reservas de delicadeza, de graça, de modéstia? Caminhe um pouco pelas ruas de seu bairro em busca dos cantinhos que ainda não foram devastados por alguma obra grandiosa e brega. O que será de uma cidade sem varandas? Sem janelas dando para a rua - e o gato que espia pelo vidro de uma delas? O que será de nosso convívio diário numa cidade sem o pequeno comércio da rua, responsável pelo território coletivo onde as pessoas aos poucos se conhecem, se cumprimentam, conversam? Uma cidade sem zonas de familiaridade? O que será de uma cidade sem as vilas com casas antigas onde o pedestre entra sem passar por uma guarita e encontra um micro-oásis de sombra e silêncio? Sem a minúscula pracinha que sobrou numa esquina onde se esqueceram de construir outra coisa? Procure os lugares em que ainda seja possível o encontro entre o público e o privado, o íntimo e o estranho, o desafiante e o acolhedor. O que será de uma cidade que é pura arrogância, exibicionismo e eficiência? O que será de nós, moradores de uma cidade que despreza a vida urbana?

domingo, 24 de abril de 2011

Martí + Cajita +La Habana


"Una ciudad es culpable mientras no es toda ella una escuela: la calle que no lo es, es una mancha en la frente de la ciudad..." José Martí

quinta-feira, 21 de abril de 2011

terça-feira, 29 de março de 2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

La Consagración de la Primavera



""Quisiera saber algo de America Latina" - digo, por aplacar en mi interlocutor un tipo de entusiasmo al que debo la herida que contemplaré mañana: - Aconséjeme algunos buenos libros. En Benicassim dispondré de tiempo para leer" - "Difícil. Muy difícil, porque acerca de América hemos escrito tantos libros malos que nosotros mismos nos extraviamos en un laberinto de falsas nociones, biografías amañadas, panfletos o apologías, mentiras y tabúes, frases hechas, y hasta rescates y panegíricos de granujas y de cabrones (con perdón). Y nuestros grandes hombres - porque los hubo - estan tan recocinados en la salsa de cada quien, de acuerdo con el adobo de cada quien, que a menudo acaban por perder su rostro verdadero... Pero subsiste la palabra América... Aunque no creo que la puedas entender muy bien, porque...". Y el otro, puesto en habla generosa por el Valedepeñas bebido, se enreda en lío de pampas y cordilleras, pirámides y galeones, esclavistas y libertadores, catedrales barrocas, palácios de mármol y rascacielos que se yerguen en la proximidad de míseros biedonvilles, favelas y "barrios de yaguas" (no sé de qué se trata), que se me atropellan en el entendimiento como las imágenes de un documental cinematográfico cuyas secuencias se sucedieron harto brevemente y sin enlace lógico aunque estableciendo repentinas analogías con cosas por mí conocidas."

Fragmento de "La Consagración de la Primavera" de Alejo Carpentier

Daïchi Saïto


Referências imagens-memória




Aqui: http://www.lightcone.org/en/filmmaker-1158-daichi-saito.html

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Girasoles


Coração americano: De Freguesia do Andirá, na Amazônia, o poeta Thiago de Mello, 85 anos, despachou para a editora paulista Global seu projeto de mais de uma década: antologia com mais de cem poetas de todos os países americanos que falam espanhol. Escolheu e traduziu os poemas que, como diz, são "do coração".

Na seleção, há, entre outros nomes, Mario Benedetti e Juana de Ibarborou (Uruguai), Gabriela Mistral e Pablo Neruda (Chile), Luis Alberto Crespo e Maria Antonieta Flores (Venezuela), Ernesto Cardenal e Rubén Darío (Nicarágua).

Este ano, completa 60 anos de poesia; começou a publicar em 1951, com “Silêncio e Palavra”. O poeta viveu vários anos exilado no Chile, durante a Ditadura. Conviveu com Neruda e se tornou conhecido e traduzido naquele país.

daqui: http://paineldasletras.folha.blog.uol.com.br/osdezmais/

Estatuto do homem
Thiago de Mello


Artigo 1
Fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida e de mãos dadas marcharemos todos pela vida verdadeira;

Artigo 2
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, tem direito a converter-se em manhãs de domingo;

Artigo 3
Fica decretado que a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança;

Artigo 4
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem, que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu; parágrafo único, o homem confiará no homem como um menino confia em outro menino;

Artigo 5
Fica decretado que os homens estão livres do julgo da mentira, nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem armadura de palavras, o homem se sentará a mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa;

Artigo 6
Fica estabelecida durante dez séculos a pratica sonhada por Isaías que o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora;

Artigo 7
Decreta e revogada, fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraudada da alma do povo;

Artigo 8
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá a planta o milagre da flor;

Artigo 9
Fica permitido que o pão de cada dia que é do homem o sinal de seu suor, mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura;

Artigo 10
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida o urro do trai branco;

Artigo 11
Fica decretado por definição que o homem é o animal que ama, e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã;

Artigo 12
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com imensa begonia na lapéla; parágrafo único, só uma coisa fica proibida, amar sem amor;

Artigo 13
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar um sol das manhãs de todas, expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de tentar e a festa do dia que chegou;

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será subrimida dos dicionários e do pantano enganoso da dor, a partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Fernando Traverso y el ciclista invisible.



Fernando Traverso es un artista de Rosario. En tiempos de la dictadura, un gran amigo de el que recorría por bicicleta la ciudad fue detenido y desaparecido por los militares. Fernando, un dia va a su casa y la encuentra toda destruida, solo la bicicleta de su amigo estacionada afuera como el ultimo vestigio de su existencia. Años más tarde, Fernando se dedicó a pintar bicicletas en las paredes de Rosario, específicamente en los lugares donde se habían realizado matanzas y desapariciones por la dictadura militar. La gracia era una stencil de tamaño real, una bicicleta que de lejos parece estar estacionada y existir, pero cuando te acercas... no es nada.

Su obra llegó tan lejos que Fernando ha pintado bicicletas por todo Sudamerica, y no solo eso, entrega el stencil por internet para que los propios ciudadanos marquen sus ciudades. Una obra conmemorativa a una masacre de la que no se habla. El ciclista invisible.







Personaje




Aqui: Fernando Birri estrela filme de Eliseo Subiela

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011